Surtos / Transes / Quebra de Frequência

Os transes podem ser considerados estados contínuos de percepção alterada, que podem se manifestar consciente, inconsciente, ou semiconscientemente, por quem os vive.

Saber entrar em transe ou se induzir a eles conscientemente, e com responsabilidade pessoal acima de tudo, pode ser um processo de exercício poderosíssimo para que a pessoa aumente o seu poder de se manter dentro do seu próprio eu, do seu caminho, do seu “movimento”, sem ser dele tirado ou desviado por outras pessoas, quer voluntária ou involuntariamente.

Os surtos, algumas vezes, podem se originar a partir de transes fortes  derivando para um caráter mais duradouro e se manifestando de forma inconsciente para quem os vive, não sendo, necessariamente, processos negativos por si só.

No dicionário, podemos encontrar os seguintes sinônimos para surto: voo alto, desejo intenso, ambição, cobiça, arranco, arrancada, impulso.

A quebra de frequência é quando conseguimos mudar uma percepção de um transe ou acordar de um surto, profundo ou não.

O exercício de quebra de frequência é extremamente poderoso e simples de ser realizado em trabalhos de cura, potencializando nossa capacidade de quebrar padrões mentais que nos levam a ideias fixas e abrindo canais para que consigamos mudar as coisas em nossas vidas com as quais estamos tendo dificuldades em lidar.

Tanto os surtos quanto os transes estão intimamente ligados a processos envolvendo um influxo energético bastante forte no indivíduo, o que pode ser oriundo ou induzido por fatores extremamente distintos.

Os casos de  vivências místicas podem estar intimamente associados ao startup  de processos dessas naturezas.

Os surtos, algumas vezes, são parte importante e até mesmo necessária para determinados processos de cura, ascensão espiritual ou expansão de consciência.

Sobre essa questão, vale considerar o trecho de  um texto do Dr. Francisco Assis de S. Lima – Psiquiatra, Mestre em Psicologia Social – USP, que segue abaixo:

“… O uso regular que venho fazendo da hoasca (…), há sete anos, me permite a observação de que o chá pode penetrar em espaços críticos e desencadear aquilo que Stanislav Grof(*) e sua escola compreendem como emergências espirituais. Também observo que mesmo surtos com sintomatologia psicótica podem se inserir num processo mais amplo de cura ou de evolução espiritual, dependendo da estrutura de personalidade e também do contexto onde se apresente.

É importante estar atento às nuances com que os quadros clínicos se organizam. O processo de integração é trabalhoso e ninguém escapa, em algum momento, do sofrimento e da profunda dor. A presença de fatores genéticos, o nível de estruturação sócio familiar, a história pessoal e o grau de vulnerabilidade de cada um são elementos de peso na emergência de crises bem como no seu aproveitamento. Em geral as crises tendem a ser resolutivas e envolvem o esforço por vezes extremo de superação de dificuldades em vários níveis. Como o processo de desenvolvimento do ser não é linear, comportando, por exemplo, do ponto de vista psíquico, a conciliação de aspectos deficitários, conflitantes ou mesmo cindidos, não se pode perder de vista o fato de que .cada caso é um caso, evitando-se assim o abuso das generalizações.” 

[(*) Grof foi o estudioso que trabalhou com a  hiperventilação chamando-a de respiração holotrópica]

Com um objetivo ilustrativo/didático, podemos citar surtos muito comuns dentro da literatura e das ocorrências psiquiátricas, com os quais muitos de nós já tomamos com eles contato de alguma forma:

1) O da confusão gerada na percepção de algumas pessoas, em especial aquelas com tendências  esquizoides mais aguçadas, em relação a manifestação de seu eu crístico, que é o centro divino que há em cada ser.

Muitos confundem o despertar desse padrão vibratório elevadíssimo, que gera alto grau de influxo e elevação energética, com serem elas mesmas o próprio Jesus de Nazaré ou outra figura histórico/mítica com representatividade de messias, avatar ou algo que o equivalha, ou ainda a uma nova encarnação dessas entidades e até mesmo diretamente Deus.

O despertar da kundalini, muitas vezes está associado a esse tipo de fato.

Claro que há uma distorção da percepção da pessoa. De fato, algo realmente de divino está sendo, agora, percebido em uma certa consciência embaçada por ela.

Entretanto, esse “algo” sempre esteve e sempre estará em sua manifestação. Jesus tinha límpida e clara a manifestação de seu eu superior, tão cristalina que era percebida por quem o olhava diretamente, e, vendo-o nos olhos, as pessoas enxergavam-se a si próprias, daí, Jesus, que era Jesus de Nazaré, passou a ser conhecido como Jesus, “o” Cristo, e logo por Jesus Cristo…

Aquele que passa por um surto de se achar mestre, sem o ser, denota uma clara superioridade fria, coisa que no mestre é trocada por uma atitude amorosa, mesmo que seu estilo pessoal seja rude…


Outro ponto de distinção fundamental é a forma como o mestre se anuncia ou não como tal. Aqueles que já se encontram na Senda do Encontro Pessoal conseguem sentir mais claramente eventuais distorções ou firmeza a esse respeito, referendando ou não essa mestria. Digamos que o índice de convencimento de surtados é zero ou muito baixo…

Para saber mais sobre mestres e avatares, inclusive sua distinção em relação às demais pessoais, veja o texto específico sobre  textos sagrados, seres iluminados e avatares;

2) Os de fixação e/ou “da missão”. Muitos, principalmente após uma vivência mística mal conduzida, na qual sentem receber mensagens do astral, passam a achar que têm uma missão totalmente especial e única, dedicando toda a integralidade de sua energia àquele propósito, via de regra, movendo grandes esforços em tentar atrair “adeptos” a suas causas. Aquele passa a ser seu único interesse e propósito. É importante realçar que, quando nascemos, não temos um destino ou uma missão, mas, na realidade, JÁ SOMOS o destino e a missão manifestos. Para se reencontrar, essas pessoas devem entender o conceito de  dharma e procurar se reenquadrar em seu caminho natural, lembrando que a vida é múltipla, comportando além do propósito específico com o qual se tornaram obsessivas, muitos outros aspectos.

Uma variante mais sutil deste surto está em pessoas que, aparentemente normais para si próprias, seus convíveres e até mesmo eventuais terapeutas, possuem uma grande quantidade de energia interior e não sabem como dar vazão à mesma. Como recurso, empregam toda essa energia em um empreendimento qualquer, quer seja comercial, social ou de meta pessoal, como realizar grandes feitos físicos, por exemplo. Essas pessoas tornam-se pessoas de um assunto único, sem perceber que cansam em demasia aqueles com os quais convivem…

As fixações ainda podem se manifestar, dentre tantas outras variantes, em torno de:

Expectativa de encontrar “algo”, uma prática, uma doutrina, ou qualquer outra coisa que venha a responder todas as suas perguntas e sanar todas as dificuldades;

Encontrar uma pessoa que a partir do relacionamento ou convívio com a mesma tudo será “lindo”, “uma beleza”, no mínimo, mais fácil…;

procurar, o tempo todo, atingir a cura plena ou a iluminação (esses processos são lindos, fascinantes e enriquecedores, mas quando obsessivos tornam-se doenças e fazem a pessoa se desligar da importância de “viver o caminho”, desfocando-se apenas para os fins, consequentemente não atingindo seus objetivos, que têm como exigência de sua própria natureza essa adequação de se estar presente e inteiro durante o caminho, quer a situação esteja boa ou não, agradável ou não);


3) O de personagem de si próprio ou até mesmo idealizado . Este surto é muito comum e atinge pessoas que perderam profundamente o contato com sua energia da essência, vivendo praticamente o tempo todo “uma personagem” e não elas próprias. É o que se chama normalmente de pessoa “afetada”. Possuem voz e comportamento lembrando caricaturas (aspectos específicos marcadamente exagerados, como, por exemplo, falar sempre como criança; zombando de tudo; exageradamente sério, etc).

Vale ressaltar que quase todos nós apresentamos essa manifestação em determinado grau, tentando ser o que não somos, o que é impossível… De qualquer forma, nossos esforços e máscaras aparecem, normalmente, de uma forma mais branda que as pessoas afetadas e de modo pouco perceptível pela maioria das pessoas.

O maior surto, e também a maior das iniciações espirituais, viagens místicas etc, pelo qual passamos é o do nascimento, quando nos esquecemos de tudo: do que somos, de onde viemos, qual a nossa condição etc. Nascemos com uma percepção astral e causal completa do universo e da criação, porém inconscientemente. Cabe a cada um resgatar essa percepção ao longo da vida na maior profundidade que lhe for possível. Resgatá-la integralmente, em vida, pode ser considerado como o atingimento do processo de iluminação. É muito comum, entretanto, as pessoas nascerem, crescerem e morrerem no mais absoluto transe de inconsciência de quem realmente são…

A propósito desta questão dos surtos, é também bastante interessante conhecer um pouco a respeito de  crises espirituais.

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O processo pessoal refere-se a suas questões internas, a forma como pensa, como são seus sentimentos, pelo que tem passado, quais suas necessidades atuais.

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